13 novembro 2013

Vento...

Vento...

Essa força da Natureza que dá vida e que mata... Uma das coisas que mais gosto é de sentir o vento fresco no Verão ou mesmo o vento frio naqueles dias soalheiros de Inverno... mas o que mais odeio é o som do vento a uivar nas portas e janelas...
Há um grande vazio na minha alma... Um daqueles mesmo grandes que não conseguimos explicar... Uma falta de vontade de andar para a frente, um nada gigantesco...

As noites de pesadelos acumulam-se, coisas com nexo, outras sem sentido... O terror da noite enche-me o vazio e não me acalma.

Nada me sai... nem a escrita flui... esta semana não está a ser boa...

Se ao menos eu Não soubesse porquê...

04 novembro 2013

"O que há em mim é sobretudo cansaço..."

Trago um grande cansaço dentro de mim... Daqueles que ninguém compreende porque carrego, daqueles que só eu sei porque carrego... É inacreditável aquilo que vou sentindo ao longo dos dias, todos os dias, das horas intermináveis às horas incansáveis.
Tenho também dor e mágoa dentro de mim. Dos erros passados, das saudades presentes, dos que já não voltam, dos que podem voltar mas nós não queremos, dos que nós queremos mas não podem voltar. 
Não sei que mais tenho, uma grande força de viver e também uma grande sede de o fazer é certo. O que me falta é fazer as coisas acontecer. Anseio pela libertação, não de quê... Talvez estas paredes brancas me respondam, talvez os sonhos me indiquem, talvez a cabeça fresca pela manhã traga um novo olhar sobre a prisão que se abate diariamente sobre mim....
Resta-me ficar à mercê daquilo que não atinjo. Do que anseio mas ao mesmo tempo temo. Do sono que não chega, ou que chega cedo demais... 
O meu amigo David Mourão-Ferreira dizia: "Que dúvida, que dívida, que dádiva... Que duvidávida afinal a vida..." E assim me sinto... Com dúvidas, com dívidas e com dádivas... Afinal... A vida é mesmo isto...

"O que há em mim é sobretudo cansaço — Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
"

Álvaro de Campos, in "Poemas"

28 outubro 2013

Vazio

Lá no fundo, no fundo, há qualquer coisa que me incomoda... Que me faz pensar no que não quero, que me atormenta... Cada vez mais nos últimos tempos tenho pensado em que a vida seria muito mais simples se vivesse numa outra época ou contexto... Matar ou ser morto, cumprir ordens simples, cuidar dos cavalos, cavar buracos nas minas, apanhar fruta, pescar, caçar, ser monge copista, qualquer coisa diferente.
Quero-me perder algures na neblina, na névoa, sem pensar - só seguir em frente, nada mais à volta interessa.
Ouvir apenas a minha respiração, o silêncio dos meus passos, a bruma a passar. Sentir a erva molhada nos pés, ramos a bater na cara, cair ao rio, submergir-me na água fria e escura, sair para a margem rochosa, não tenho frio, tenho sede, sede de andar mais, então ando, ando e continuo até achar nada, um vazio tremendo de coisas, não é escuro nem claro, é apenas vazio. Vazio. E enchê-lo. Enchê-lo de tudo o que há em mim - vida e morte e cor e dor e alegria e choro e amor e simplicidade e esperança e ódio e sangue e honra e criatividade e magia e letras e sons e cheiros e flores e mantas e pássaros e almofadas e risos e terra húmida e árvores molhadas e neve e sol e de mim. Encher o vazio de mim comigo, com o meu eu.
Não consigo sê-lo, só pensá-lo e mesmo assim fujo de mim. Fujo para não me enfrentar, para parecer que está tudo bem. Não sei fingi-lo, só sei fugir. Da indiferença, da dor, da cobardia das palavras escritas e não ditas, da verdade?
Não me encontro, mas também fujo de me procurar, de viver como a vida quer - e o que quer a Vida? Não há vida, há apenas Vazio. Vazio à espera de ser cheio de mar e de floresta e de areia e de montanhas e de lareiras e de chuva e de lobos e de bolos quentes e de rochas e de musgo e de nuvens e de roupas quentes e de castanhas assadas e de silêncios e de livros e de sombras e de luz e de pinheiros e de tigres e de escorpiões e de aranhas e de teias tecidas nas quais nos embrenhamos. E assim viver, para sempre em todos os que viveram comigo, e partilhar com todos eles o que sou, o que não sou, o que sonhei ser, o que serei, o que fui, o que voltarei a ser, o que nunca voltarei a ser.
Não quero a realidade, quero o frio da chuva num dia de sol, o cheiro da relva cortada e a brisa, as ondas do mar nos meus pés, nadar nas águas quentes de umas termas, cascatas imponentes em florestas luxuriantes, embrulhar-me em cobertores quentes e ouvir a neve, sentar-me na janela e ver a trovoada, beber uma cerveja gelada num dia de calor, ser eu, sem problemas, sem contradições, sem medos.
E este Vazio, este vazio para encher de abraços e de sonhos e de beijos e de penas e de tapetes fofinhos e de solos de guitarra e de pesadelos e de cabelos esvoaçantes e de ventos e de tempestades e de campos de trigo e de rios fortes e de glaciares e de chá quente e do nascer do sol e das ondas no mar e das flores campestres e de mãos dadas e de dragões e de por do sol e de lua cheia e de runas e de barcos e de fogo e de lua nova e de fogueiras e de canções e de preguiça e de ternura e de gelo e de mim...

07 outubro 2013

Back!

Não quero deixar este blog morrer, mas também não sei o que escrever hoje...
Já lá vão 3 anos e meio desde o último post. A vida não mudou muito, eu talvez tenha mudado. Para melhor ou pior isso ainda está para ser decidido. Tenho saudades de desabafar com a folha em branco.

Não sei porque estou melancólica hoje. Não sei se é por estar a ouvir My Dying Bride, por saber porque é que estou a ouvir my dying bride, porque é que comecei a ouvir my dying bride, todas as anteriores ou nenhuma das anteriores. Sei que o estou...
A ver um episódios das Mentes criminosas de hoje a Prentiss dizia: "Todo o fim é também um início". Fiquei a pensar em vários episódios da minha vida que foram verdadeiramente fins de qualquer coisa mas foram acima de tudo inícios de muito, mas muito mais... 

No meio da confusão que a minha vida pode ser há coisas que nunca vão mudar: o meu amor pela música e o meu amor pela vida em si. Que efémeras que as pessoas são... Superficiais, indiferentes, passageiras, desinteressadas... Há dias em que essas pessoas me enchem de raiva, nesses dias sou anti-humanidade, só quero estar sossegada no meu canto sem me chatearem... Mas depois há dias como o de ontem, cheios de vida, de vibração, de admiração, de tristeza,de energias, de felicidade, de lágrimas, de choque e surpresa, de ternura, de cumplicidade mas acima de tudo de Amizade e Música.

Sei que há pessoas que não me compreendem, é normal, elas não são eu, não viveram o que eu vivi e como eu vivi. As minhas experiências de vida são minhas apenas para as reviver vezes e vezes sem conta... São quem eu sou e quem eu serei... São lágrimas em concertos, risos descontrolados em conversas, rios de choro em filmes ou sorrisos emocionados em músicas... É por todas estas coisas que adoro a vida, porque para além da minha vida vivo as vidas das histórias que leio, das histórias que vejo, das histórias que ouço... Sou o produto de tudo o que vivi, li, vi e ouvi... Sou a princesa da Disney e o Riddick. Sou o Jon Snow mas também sou um transformer. Sou o Freddy Mercury e a Katy Perry... Sou a Angela Gossow e o Aaron Stainthorpe. Sou um Homem e sou um Rato... Tenho um pobre, mas também tenho o Ferro em Brasa, fui violada pela motossera, mas também sei por quem os sinos dobram... Estive em Oz, Narnia, Hogwarts. Gritei no silêncio do espaço com a Ripley mas também enterrei o meu filho mais novo no lugar onde o solo é mais duro. Fui até Prydain e Krynn, tive na mão o auryn, a excalibur e o Anel. Gritei pelo exterminador e chorei quando o Maximus morreu. Ri que nem uma doida com o Manny e companhia no Ice Age, mas chorei quando o Fantasma se declara à Christine. 

Sim, sou estranha, mas sou também cheia de vida e de emoção - é isto que me faz viver, não as trivialidades do dia a dia... Por isso é que sorrio a ouvir o Before the War, só me apetece viver e morrer pela espada no Death in Fire e me emociono com o For my Fallen Angel... Tudo em mim está ligado, e eu estou ligada a tudo... 
Por isso vivam... Vivam as vossas vidas com significado, com amigos, com música, com livros, com filmes, com lágrimas e com sorrisos.

Deixem-se surpreender e nunca tomem nada por garantido, vão ver como a vida dá umas voltas!